São só três ou quatro linhas. Em papel, pois você, neste momento, é longe. Se perto fosse, sussurraria estas palavras em teu ouvido como o maior segredo do mundo. Velado e profano, como todos os maiores segredos do mundo devem ser. Mas, devido à distância, jogo as frases ao vento, pra que dancem e te encontrem no teu repouso.
Agora, me sinto só. Acho curioso como só a falta de alguém nos dá a dimensão exata do tamanho espaço que ocupa em nosso dia a dia. Coisas cotidianas, subitamente se tornam a coisa mais prazerosa do mundo.
Tudo começa com lembranças de coisas pequenas, praticamente automáticas. Detalhes imperceptíveis de nós. O cheiro do despertar, o encostar do cabelo em meu rosto, os braços a me envolver a alma. A insignificância do toque. Tão esquecido, tão menosprezado. Toque que dá sentido, que guia, que contém, que liberta. Algum poeta algum dia falou que a beleza da vida está nos detalhes. Pois é. A sua também.
O mundo sem você torna-se uma grande arena onde enfrento os dias compridos, que se estendem preguiçosos e parecem ter mais de vinte e quatro horas. Onde as noites viram batalhas intermináveis na busca do teu rosto no meu sonho, tão efêmero e volátil.
Acabei de lembrar que iam ser só três ou quatro linhas. É que os textos, assim como o amor, começam pequenos. Uma faísca que acaba consumindo o ar em sua volta e se tornando algo grande demais pra caber em um só ser. Por isso essa idéia tem que ser escrita. E o amor, vivido por dois.
Te espero de volta. Espero o reencontro com teu riso fácil e teu olhar firme, com tua voz e tua mão. Então iremos nos mesclar num abraço desse tamanho e trocar beijos intermináveis ouvindo Little Joy. E decidir que, à partir deste momento, o mundo é nosso. E o universo ao nosso redor é apenas isso. Um pano de fundo. Cenário do nosso número principal.
Te Amo. G.
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